Todo mundo sabe que cada um tem o seu espaço individual no
mundo. Pode ser ele a sua casa, seu quarto, seu blog, sua rede social, twitter,
facebook e por aí vai.
Além desse espaço individual, temos o espaço coletivo, onde
devemos respeitar a vontade do outro. No espaço coletivo, expressar a sua
opinião é expor-se às críticas que, dependendo do caso, você não está pronto,
maduro o suficiente pra aguentar. Basicamente, quem vive em contato com uma
rede social, sabe que seus passos são monitorados por pessoas que não tem muito
mais pra fazer em suas vidas do que invadir o espaço individual de cada um.
A ideia de país democrático, livre e laico é: fale o que
quiser, nada de censura, podemos expor nossa ideia sobre determinado assunto
livremente.
Pois, sim, claro. Desde que não fira o moral da pessoa,
nicho ou grupo social a que ela pertence.
Vou explicar: você pode falar o que quiser desde que não
fira o outro.
ENTÃO, NÃO SE PODE FALAR O QUE QUISER.
Como toda a lei tem uma brecha, para essa, existe o famoso “a
opinião é minha, não concordar não muda em nada.”. Realmente não muda.
Mas, não vamos fazer da sua opinião uma terceira Guerra
Mundial.
A partir do momento que você fala algo, recebe críticas e
aceita, o assunto acaba. Fazer com que o outro pense o mesmo que você é no
mínimo BURRICE.
Cada um tem suas experiências e gostos particulares moldados
pelo meio em que vivem. Nada do que você disser a eles vão fazer com que parem
com o pagode de sexta-feira na laje se isso faz bem a eles. Nada que você possa
falar vai fazer com que eles parem de ouvir Rock, Funk, Sertanejo, ou fazer com
que eles sejam ou não homossexuais. Não é a sua humilde opinião que vai fazer
com que um ou outro mude a sua. Não é o seu esforço linguístico que vai mudar o
outro, e muito menos a sua ignorância e o seu bate-boca.
Não é o que você pensa e sabe que é o único caminho de ser feliz.
Pode ser pra você, mas não pros outros. Cada um tem os seus problemas, cuidar
da vida do outro, se importar em mudar a mente do outro é um exemplo desesperador
de se firmar como pessoa, alguém que precisa desesperadamente de outros iguais
pra se sentir alguém, uma carência tão grande de atenção que empurra o
indivíduo a discutir sobre o gosto musical do outro, chamando de lixo.
Às vezes o seu lixo salvou a vida de alguém.
Às vezes o seu vizinho está depressivo e pensando em se
matar, e você pode salvá-lo, se não estivesse tão preocupado com o que o fulano
está postando no facebook ou com a roupa que a “vizinha biscate” saiu pra
praça.
Às vezes você pode dar carinho a alguém que só quer atenção,
ser ouvido e não julgado nessa sociedade anos 70, onde qualquer coisa é rótulo
pra existir.
Num mundo de pluralidade, onde cada um faz tantas coisas ao
mesmo tempo, ainda se prendem aos rótulos, e são discriminados por isso. Discriminados
por escolhas que muitas vezes – e MUITAS MESMO – eles mesmos não tiveram
escolha, foram empurrados pra isso.
ANTES DE DIZER ALGO OFENSIVO PRA ALGUÉM, CONHECIDO OU NÃO,
ANTES DE IMPOR A SUA OPINIÃO, A SUA VONTADE, PENSE: ELE(A) TEVE A MESMA
OPORTUNIDADE QUE EU? NASCEU NO MESMO LUGAR QUE EU? NA MESMA CASA COM OS MESMOS
PAIS? PENSA IGUAL?
Será que você tem o direito de decidir e bater boca com
alguém só por não concordar? Querer “acordá-lo para a luz”?
E QUE TAL IMAGINAR, já que você adora cuidar de coisas que
não lhe dizem respeito, como vai ser na copa de 2014, quando ninguém souber
falar inglês, quando não tiver hospedagem pra todo mundo, quando metade do
estádio cair, quando os gringos forem roubados e mortos a tiros, quando um
deles passar mal e não tiver leito no hospital, quando não houver transporte
pra todos, quando não conseguirem chegar ao local indicado, quando eles saírem
dizendo que o Brasil não teve estrutura pra esse tipo de evento, quando eles
verem gente pobre pedindo dinheiro na rua pra comer, quando uma criança vier
lavar o para-brisas e pedir dinheiro.
Ah, em todo lugar tem isso.
Não na escala que acontece no Brasil.